segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Liberdade

          O ideal de homem libertado e emancipado de qualquer regra ou dogma parece ser demasiado fantasioso para certas pessoas, até mesmo para mim é uma ideia difícil de ser alcançada pela impossibilidade de viver de forma independente e desconectada da sociedade, já que estamos constantemente sendo invadidos pela cultura de massas. Porém poucos procuram compreender a real natureza de tal ser, talvez pelo fato de desconhecer a possibilidade dela existir. O desejo pela liberdade, a busca desesperada por identidade e necessidade de se destacar podem ser a gênese de tal natureza em um indivíduo e deve ser contemplada por um reflexão profunda do indivíduo.
          Aquele que é liberto busca sua liberdade em sua essência, pois ele não escolhe simplesmente ter liberdade, mas ganhar o fruto de seus esforços para libertar-se e ser capaz de dominar sua própria vida. "O homem está condenado a liberdade, isso o trás angustia" foi o que disse Sartre, talvez seja como viver num mundo sem Deus onde tudo é permitido, é como o Atlas que carrega o mundo em suas costas. A liberdade acima de tudo pesa e é como o conhecimento adquirido que não se pode fugir. A liberdade como o conhecimento tem seus limites, mas sempre há um forma de se transpor os tais limites, mesmo assim não pode ser considerado ilimitado, mas também não pode ser intransponível. Existem muitas fantasias relacionadas a liberdade, existem inúmeras idealizações criadas pela imaginação frustrada de pessoas acomodadas, muitas delas muito pouco se conhecem e buscam a todo custo lembrar aos outros a sua total emancipação do meio e do sistema. Tais exotismos são agressivos e totalmente infrutíferos, pessoas que cultivam tal comportamento são pessoas de pouca sensibilidade, seus ego inflados pouco dizem de si mesmos, daí o confronto entre a persona (imagem) e o self (si mesmo), sendo que a maioria das vezes a máscara que vestem geralmente sublima os seus verdadeiros seres.
          Quando o indivíduo aceita de bom grado a liberdade quer dizer que está pronto a compreender a si mesmo, a vida e seu meio. A liberdade então toma em seu cotidiano um comportamento de espontaneidade, no pensamento de Nietzsche a espontaneidade é um ato de força pois nunca se restringe à moral das massas, então aquele que pode se dizer liberto deve ser espontâneo em suas ações e honesto com sua própria natureza, ser livre de qualquer preceito moral que o restrinja, livre para escolher e para agir do modo que acha mais apropriado.
          É interessante até se confrontar diante da existência ou não da liberdade. Em uma passagem do Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, Zaratustra diz que o homem só pode ser escravo de seu próprio ser. Segundo Schopenhauer a liberdade não existe justamente por esse fato, mas eu diria que o homem é livre justamente porque ele pode se libertar quando for necessário ou quando possível de sua vontade pessoal para assumir outras formas, daí confere seu caráter metamórfico. Porém o sujeito nunca está livre de seu ser, fazendo que sempre retorne a solidão, assim o conceito de eterno retorno sempre vem a tona, fazendo do homem conviver com duas personalidades antagônicas. Nos momentos alegres e de grande excitação está apto a conquistar e alcançar sua satisfação, mas quando não há alegria nem entusiasmo precisa reduzir se a pó para poder renascer novamente, de forma constante.

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