quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Meu novo Tumblr

  Acabei de fazer um Tumblr com meus videos preferidos, imagens, músicas, etc.
www.brunone.tumblr.com

         A constituição mental de certas pessoas tendem a desfigurar e atrofiar os fenômenos das diversas naturezas. Interpreto isso como um comportamento frágil, de explicar as coisas do jeito que acredita ser e de adotar o meio mais aprazível para si.
         A pouca sutilidade no julgamento de tais pessoas enfraquece quem adota tais concepções mau acabadas e reduzem o significado dos fenômenos da vida. A parte consciente de nossas mentes chamada Ego que coordena a personalidade e ideologias muitas vezes aparenta ser um tanto inflada nas mentes dessas pessoas acomodadas nas aparências e comportamentos viciosos.
          Homens fracos são aqueles do chamado espírito de carga intitulado pelo filósofo Frederich Nietzsche, são aqueles acostumados com a dor e o peso de suas vidas, estão tão acostumados com o tipo de vida que levam que conseguem suportar o peso de suas vidas até suas mortes. Entretanto, se conseguir se libertar dessa condição de escravidão pode tomar uma atitude violenta igual a um leão feroz, predador e avido por sangue. Aparentemente o homem permanece nas duas primeiras fases das metamorfoses propostas por Nietzsche em aclamado livro Assim Falou Zaratustra, essas duas fases estão completamente imersas em seus vícios,  a primeira fase não consegue se libertar do escravismo voluntário, não consegue se libertar por medo ou até por comodismo, a outra fase se baseia na revolta, quando consegue se libertar do seu escravismo está apto a lutar contra tudo e contra todos porém se acomoda de tal forma nessa revolta que parece ser muito satisfatória para seu ego, aparenta ser muito forte no fim das contas mas é muito fraco para se libertar do próprio ego que comanda cada passo seu sem ele mesmo se dar conta disso.
          Força é um bem adquirido, todos nós já fomos frágeis, cheios de medos, penitências, paixões, etc. Mas aqueles que não superam suas fraquezas e permanecem em um estado estagnado de ignorância e torpor, assim inevitavelmente serão aniquilados pela sua própria ignorância.
           A tendência do ser humano de superar a si mesmo é maior do que a capacidade dele de se auto destruir, individualmente todos nós tendemos ao crescimento e evolução, ficamos cada vez mais coerentes a cada ano que passa. A humanidade como um todo funciona da mesma maneira que os homens individualmente, porém com toda a complexidade de uma junção de pessoas. Mas, todo aquele que necessita de destruição só tende a se auto destruir, então todo seu pensamento podre e infértil não irá progredir, tendendo à morte.
           O progresso se relaciona com acontecimentos futuros que superam a obscuridade do passado, a ignorância e entre outros vícios tendem naturalmente à se auto anularem, pela sua capacidade natural de destruição. A humanidade como uma fênix supera seus limites e irremediavelmente tenta reparar o erros que cometeu, assim se torna cada vez mais civilizado. Não podemos negar nossos avanços desde a época da Guerra Fria e Segunda Guerra Mundial, porém temos outros problemas a resolver que não parecemos ter a maturidade suficiente. Todos nós sabemos o quanto guerra são horríveis porque já vivemos epócas de guerra, porém estamos encarando uma nova dimensão de problemas que acreditamos que podem ser solucionados mantendo o sistema atual intacto, só experiência da crise de 29 nos ensinou como a política deve se renovar para atender as necessidades da sociedade.
             Proponho uma visão sutil da realidade e tentar agir sempre com temperança, sem impulsos irracionais nem com autos ideais que podem ser destrutivos, considero a flexibilidade e a conciliação podem ser virtudes necessárias para uma boa evolução e crescimento pessoal, independente quem seja. O tempo é  único que sabe ditar o que durável ou o que vale mais a pena investir. Ficamos muito presos a nós mesmos que não procuramos entender que existem um mundo grande e diverso que precisa ser explorado e descoberto, assim se alcançará a virtude da sutilidade e da temperança, transcendendo a tudo que acha fundamental ou absoluto.

domingo, 23 de outubro de 2011

Tigre - William Blake








Tigre! Tigre! Luz brilhante
Nas florestas da noite,
Que olho ou mão imortal ousaria
Criar tua terrivel simetria?
Em que céus ou abismos,
Flamejou o fogo de teus olhos?
Sobre que asas ousou se alçar?
Que mão ousou esse fogo tomar?
E que ombro e que saber,
Foram as fibras de teu coração torcer?
E o primeiro pulso de teu coração
Que pé ou terrivel mão?
Que martelo, que corrente?
Que forno forjou tua mente?
Que bigorna? Que punho magistral
Captou teu terror mortal?
Quando os astros arrojam seus raios,
Cobrindo as lágrimas dos céus.
Sorriu ao sua obra contemplar?
Quem te criou, o Cordeiro foi criar?
Tigre! Tigre! Luz brilhante
Nas florestas da noite,
Que olho ou mão imortal ousaria
Criar tua terrível simetria.

O lírio - Manuel Bandeira

És como um lírio alvo e franzino,
Nascido ao pôr do sol, à beira d'água,
Numa paisagem erma onde cantava um sino
A de nascer inconsolável mágoa...

A vida é amarga. O amor, um pobre gozo...
Hás de amar e sofrer incompreendido,
Triste lírio franzino, inquieto, ansioso,
Frágil e dolorido...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O simbolismo do tesouro

          Vim refletindo sobre a importância que as pessoas de nossa sociedade dão de forma até patológica ao dinheiro. Tudo em nossa sociedade é o capital e cada vez mais ele domina nossas vidas. Então senti a necessidade de aprofundar essa reflexão e tentar entender porque tal obsessão pelo acumulo desse bem tão ambicionado.
           O cofrinho que temos em casa para guardar nosso dinheiro simboliza a necessidade de manter seguro e para acumular tal bem, tal como os reis e rainhas da Idade Média que ostentavam tesouros com belas joias e moedas de ouro, com isso se formou um simbolo de ostentação, beleza e volúpia. Mas como qualquer simbolo constitui várias dimensões, o tesouro também era um simbolo de conquista, em que heróis se arriscavam enfrentando vários monstros e adversidades para conquistar tal preciosidade. O tesouro também pode ter uma dimensão emocional, seria aquele tesouro que carregamos em nós mesmo que precisa ser descoberto.
             Mas na maioria das vezes o tesouro simboliza a ostentação e acumulo de bens e ele têm assumido várias figuras, como cofres públicos, cofres particulares, carteiras, caixas, etc. O principal objetivo é juntar, acumular, ostentar, aglomerar e amontoar. Gera uma dependência psicológica e um necessidade de manter tudo para si, assim se torna cada vez mais carente do dinheiro que ganha, e tende a sempre querer mais. Afinal, porque me preocupo tanto em abordar esse tema? será que não se pode também ser um atitude sadia ganhar alguma coisa para si para que isso me beneficie de alguma maneira no futuro? Importante dizer que a  preocupante possessividade que nosso sistema promove não nos torna mais desenvolvidos ou mais libertos como pretendemos ser, o fato que para tudo precisamos de dinheiro, ou seja tudo gira em volta desse pequeno pedaço de papel.
            Não há outras coisas a se preocupar? A dar importância e valor? Afinal, o valor e importância dado ao dinheiro só é feito pelo homem e não é nada imprescindível e vital para nós, podemos muito bem viver cada vez menos dependentes do dinheiro e isso nos faz entender o quanto somos capazes de nos adaptar.  Minha atitude com o dinheiro está se tornando mais relaxada cada vez mais, porque não vejo o mesmo valor que ele têm do mesmo jeito que os outros dão à esse bem. Tento então diminuir o seu valor utilizando-o de forma muitas vezes considerada irresponsável pelos juntadores. 
             O dinheiro não precisa ser a única forma de troca que um sociedade pode ter, trocas como o escambo e a troca de serviços pode servir muito bem para os mais diversos interesses. No cotidiano tentar ser menos dependente do dinheiro, porque não usar esse dinheiro acumulado para dar um presente para alguém que se gosta? Você nem vai ganhar o produto comprado nem vai poder guardar tal dinheiro, mas pode ganhar mais afeição da pessoa que se presenteou, pode também doar para uma instituição ou para qualquer outra causa que julga ser importante.
               Tente dar mais importância a coisas que nunca foi capaz de dar, tente ser mais desapegado, assim
poderá ser mais livre para escolher, desfrutar e almejar coisas de diversas naturezas e aspectos. Enfim, seja livre não se reduza à nada.
           
      Decidi fazer uma lista de pessoas ilustres que fazem parte de minorias que são subjugados por diversos grupos que por pura ignorância e preconceito julgam ser superiores.

                                             Homossexuais:
                                                Aleister Crowley - Ocultista inglês

                                                     Oscar Wilde - Escritor inglês

                                                   Marcel Proust - Escritor frânces

                                                 Cazuza - Cantor e compostor brasileiro

                                                  Renato Russo - Cantor e compositor brasileiro

Arthur Rimbaud- Poeta francês
Negros:
Cruz e Souza - Poeta Brasileiro

                                                  Bob Marley - Cantor e compositor jamaicano

Cartola: Cantor e compositor brasileiro

                                                    Gilberto Gil - Cantor e compositor brasileiro

                                                    Machado de Assis - Escritor brasileiro

                                                        Miles Davis - trompetista brasileiro
                                                  Zumbi dos Palmares - Líder brasileiro

Judeus:
Sigmund Freud - psicanalista austríaco 

                                            Noam Chomsky - intelectual americano
                                                Woody Allen - cineasta americano

Agora as pessoas "ilustres" que costumavam ou costumam perseguir os grupos dessas pessoas:




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Excertos e comentários do manifesto eleitoral do povo de Pierra-Joseph Proudhon

       Ultimamente venho tendo algumas concepções que eu estudava há tempo atrás relacionadas ao anarquismo, agora posso ver claramente que esse sistema é completamente coerente à qualquer realidade que possa ser imaginada. Segundo Proudhon o anarquismo é muito mais real do que se pode pensar, o anarquismo continua sendo uma vertente prática e pragmática desde que seja bem direcionada através de um bom ponto de vista teórico ( que no meu ver deve ser baseada no mutualismo desenvolvido pelo mestre francês).
       Aqui estão alguns excertos do Manifesto Eleitoral do Povo publicado no jornal Jounal du peuple entre 8 e 15 de novembro de 1848:
      (...) Portanto, ainda, dois trabalhadores podem emprestar entre si seus produtos e, se eles se combinam
por operações contínuas deste gênero, organizarão entre eles o crédito (...)
   
     Comentário: No federalismo libertário proposto por Proudhon a transição do capitalismo para anarquismo se daria de baixo para cima, em que alguns indivíduos que se comprometem com esse ideal lutem para sua emancipação, então o que de início é um ação individual irá se associar com alguns outros que também acreditam nesse ideal e assim por diante.
                         O dinheiro seria alguns dos meios de troca, outro que seria bastante possível no processo inicial de emancipação seria a troca voluntária de objetos e serviços. Além dos interesses políticos que essa troca pode exercer também seria um interesse econômico.
 
      (...) Organizai a associação e, imediatamente, toda oficina se tornando escola, todo trabalhador é mestre, todo estudantes aprendiz. Homens de elite se produzem tão bem ou melhor na sala de estudo(...)

     Comentário: No sistema anárquico se faria necessário a destruição do monopólio da educação pelo capital, então nessa sociedade o conhecimento poderia ser compartilhado constantemente. Num mundo de especializações sofremos várias restrições que não nos permite nos emancipar da forma que gostaríamos e servimos sempre os interesses de poderosos. Nas sociedades cooperativadas o individuo pode escolher que sociedade quer ingressar dependendo de suas necessidades e interesses e também dependendo do grau de exigências que essa sociedade o impõe. Então se pretendo ingressar em tal sociedade dependendo que sociedade seja, eles poderão ensina-lo de forma gratuita. Cada sociedade baseada nos interesses individuais tem a liberdade de se auto-administrar como achar que for necessário.

    (...) Nós queremos a liberdade ilimitada do homem e do cidadão, salvo o respeito à liberdade do outro:
           Liberdade de associação;
           Liberdade de reunião;
           Liberdade de culto;
           Liberdade de imprensa;
           Liberdade de pensamento e de palavra;
           Liberdade de trabalho, de comércio e de indústria;
           Liberdade de ensino.
           Numa palavra, liberdade absoluta.
 
      Comentário: Esse seria o centro do ideário anarquista de qualquer natureza, liberdade nunca deve ser violada, seja livre e aceite a liberdade dos outros.
                 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Entrevista à Hakim bey

ENTREVISTA COM HAKIM BEY NA HIGH TIMES MAGAZINE 
Zero Boy
Muito antes dele se tornar uma lenda “cult”, eu ouvi pela primeira vez
o nome do misterioso e esquivo Hakim Bey quando girava o dial do rádio
em Nova York. Ele foi mencionado em um programa da WBAI FM chamado “A
Cruzada Moura Ortodoxa”. Mas logo, amigos estavam falando em surdina
sobre suas buscas à Zona Autônoma Temporária. Intrigado, eu procurei
pelo clássico underground de Hakim, T.A.Z., A Zona Autônoma
Temporária: Anarquismo Ontológico e Terrorismo Poético (Autonomedia,
po Box 568, Brooklyn, ny 11211). Eu o achei numa pequena livraria
esotérica que tinha desde trabalhos de Emma Goldman até Aleister
Crowley. Eu comecei a perguntar sobre a Sociedade do Anarquismo
Ontológico e sobre esse enigmático Hakim Bey. Ninguém sabia como
chegar ao efêmero Hakim. Ligar para os editores dele me deixou ainda
mais frustrado.
Hakim Bey também lançou um CD declamado com música de Bill Laswell
pelo selo Axiom, chamado também de TAZ. Então eu os contatei também -
inutilmente. Então um dia eu acho um bilhete na minha cama dizendo
para vir à Rua Mott às 9 da noite para uma entrevista. Como isso veio
parar aí? Na Rua Mott, um carro anônimo encosta e me leva a um obscuro
restaurante num porão em Chinatown, onde uma cabine privada com
cortinas está separada, com um pequeno narguilé e um prato cheio de
Bolas de Templo Nepalesas(1). Sou convidado a entrar.
HIGH TIMES: Hakim, de onde você é?
HAKIM BEY: Bem, a informação padrão (que é tudo que eu falo) é que eu
era um poeta da corte de um principado sem nome no norte da Índia, que
eu fui preso na Inglaterra por um atentado anarquista a bomba e que eu
vivo em Pine Barrens, Nova Jersey, em um trailer da Airstream(2).
Quando eu venho a Nova York eu fico num hotel em Chinatown.
HT: O que é a Zona Autônoma Temporária?
HB: A Zona Autônoma Temporária é uma idéia que algumas pessoas acham
que eu criei, mas eu não acho que tenha criado ela. Eu só acho que eu
pus um nome esperto em algo que já estava acontecendo: a inevitável
tendência dos indivíduos de se juntarem em grupos para buscarem
liberdade. E não terem que esperar por ela até que chegue algum futuro
utópico abstrato e pós-revolucionário.
A questão é: como os indivíduos em grupos maximizam a liberdade sob as
situações dos dias de hoje, no mundo real? Eu não estou perguntando
como nós gostaríamos que o mundo fosse, nem naquilo em que nós estamos
querendo transformar o mundo, mas o que podemos fazer aqui e agora.
Quando falamos sobre uma Zona Autônoma Temporária, estamos falando em
como um grupo, uma coagulação voluntária de pessoas afins não-
hierarquizada, pode maximizar a liberdade por eles mesmos numa
sociedade atual. Organização para a maximização de atividades
prazeirosas sem controle de hierarquias opressivas.
Existem pontos na vida de todos que as hierarquias opressivas invadem
numa regularidade quase diária; você pode falar sobre educação
compulsória, ou trabalho. Você é forçado a ganhar a vida, e o trabalho
por si só é organizado como uma hierarquia opressiva. Então a maioria
das pessoas, todos os dias, tem que tolerar a hierarquia opressiva do
trabalho alienado.
Por essa razão, criar uma Zona Autônoma Temporária significa fazer
algo real sobre essas hierarquias reais e opressivas – não somente
declarar nossa antipatia teórica a essas instituições. Você vê a
diferença que eu coloco aqui?
No aumento da popularidade do livro, muitas pessoas se confundiram com
esse termo e usaram ele como um rótulo para todo o tipo de coisa que
ele realmente não é. Isso é inevitável, uma vez que o próprio vírus da
frase está solto na rede (para usar metáforas de computadores). Se as
pessoas usam erroneamente ele ou não isso não é tão importante, porque
o significado está incrustado no termo. É como um vírus verbal. Ele
diz o que significa.
HT: Uma Zona Autônoma Temporária necessariamente se abstém do uso do
dinheiro?
HB: Isso é difícil em uma situação real, mas pode acontecer. O Rainbow
Gathering (3), por exemplo, se abstém do uso do dinheiro. Isso é quase
que uma garantia de um grau muito maior de autonomia temporária para
as pessoas que estão participando.
Eles na realidade aumentam seu prazer saindo fora da economia de
dinheiro/mercadorias.
HT: A imprensa ligou o fenômeno TAZ ao movimento cyberpunk. Você acha
que a Internet é uma Zona Autônoma Temporária?
HB: Não. Um mal entendido muito peculiar veio à tona. A revista Time
fez uma matéria sobre o ciberespaço que me citou erroneamente - o que
me deixou particularmente feliz. Se a Time entendesse o que eu estava
falando, eu seria forçado a reestruturar toda minha filosofia, ou
talvez desaparecer pra sempre em desgraça.
Eles diziam que o ciberespaço era uma Zona Autônoma, e eu não
concordo. Enfaticamente não concordo. Eu acho que a liberdade inclui o
corpo. Se o corpo está em um estado de alienação, então a liberdade
não é completa em nenhum sentido. O Ciberespaço é um espaço sem corpo.
Ele é, de fato, um espaço abstrato e conceitual. Não existe cheiro
nele, nem gosto, nem sentimento e nem sexo. Se qualquer uma dessas
coisas existe lá, são apenas simulacros dessas coisas e não elas
mesmas.
A única coisa que a Internet ou o cIberespaço podem ter com relação à
Zona Autônoma Temporária é que eles são instrumentos ou “armamento”
para alcançar a liberdade. Então é importante trabalhar para proteger
as liberdades de expressão e comunicação que estão abertas neste exato
momento pela Internet contra o FBI e Clinton e a “Infobahn” (um bom
termo em alemão para designar a auto-estrada da informação). Cuidado
para não ser atropelado na Infobahn! Comunicando-se por uma BBS(4), um
grupo pode planejar um festival de maneira muito mais eficaz, alguma
coisa como um Rainbow Gathering, estruturado nas chances para
maximizar o potencial para o surgimento de uma TAZ real. A Internet
também pode ser usada para montar uma rede econômica alternativa
genuína. Trocas e permutas trilhadas na Internet em comunicações
privilegiadas.
HT: Você pode explicar o “Terrorismo Poético”?
HB: Por terrorismo poético eu entendo ações não-violentas em larga
escala que podem ter um impacto psicológico comparável ao poder de um
ato terrorista - com a diferença de que o ato é de mudança de
consciência. Digamos que você tem um grupo de atores de rua. Se você
chamar o que você está fazendo de “performance de rua”, você já criou
uma divisão entre o artista e a audiência, e você alienou de si mesmo
qualquer possibilidade de colidir diretamente nas vidas diárias da
audiência. Mas se você pregar uma peça, criar um incidente, criar uma
situação, pode ser possível persuadir as pessoas a participar e a
maximizar sua liberdade. É uma estranha mistura de ação clandestina e
mentira (que é a essência da arte) com uma técnica de penetração
psicológica de aumento da liberdade, tanto no nível individual quanto
no social.
HT: Você pode fazer algumas sugestões especial ao leitor da HIGH TIMES
para criar uma TAZ?
HB: Ok, tudo bem. Eu gostaria de dizer isso ao movimento canabista, e,
em um nível mais amplo, eu gostaria de direcionar isto ao movimento
libertário em geral, que é um aliado próximo, cruza e tem áreas de
contingência com o movimento canabista.
Se os Libertários tivessem gasto os últimos quinze anos organizando
redes econômicas alternativas para potencializar a emergência de uma
Zona Autônoma Temporária e levá-la rumo a uma Zona Autônoma
Permanente, ao invés de jogar o jogo fútil das políticas de terceiros,
que é uma posição fracassada desde o início; se o movimento canabista
tivesse colocado sua energia nos últimos quinze anos na organização de
redes econômicas alternativas, não necessariamente baseadas em trocas
“criminosas” de dinheiro por maconha mas nas necessidades e
possibilidades básicas da vida real; se toda essa energia fosse
direcionada nesse sentido, ao invés do que parece para mim uma quimera
total, um fantasma totalmente abstrato chamado “poder político
democrático legislativo” - então eu penso que estaríamos há muito no
caminho claro da mudança revolucionária nessa sociedade.
Nessas circunstâncias, toda essa boa intenção e grande energia foi mal
direcionada em um jogo - um jogo em que a autoridade cria as regras, e
nas quais “eles” criaram as regras para que pessoas como eu e você não
possam ganhar poder dentro desse sistema.
Agora isto é uma crítica anarquista que eu estou fazendo, com os
motivos mais camaradas possíveis. Eu acho que é uma tragédia essa
energia ter sido mal direcionada. Eu não acho que é tarde demais para
acordar e ver o que está na verdade acontecendo(5) aqui.
Outro ponto que eu gostaria de falar é que a HIGH TIMES foi
particularmente culpável durante a última eleição, quando conclamou
seus leitores (incluindo uma grande porcentagem de usuários de maconha
nesse país) a votar naquele Clinton filho da puta, baseado em um rumor
extremamente suspeito: de que Al Gore, um conhecido mentiroso,
hipócrita e embusteiro, cochichou pra alguns ativistas da maconha que
ele estava do lado deles. E por isso, presumivelmente, milhares, se
não milhões, de fumantes de maconha saíram e votaram em um outro bando
de filhos da puta, se esquecendo toda a sabedoria do antigo slogan
anarquista, “nunca vote, isso só encoraja os bastardos.”
Eu vou fazer uma aposta agora. Eu como a edição da revista em que isto
será impresso se, sob a administração Clinton, existirem quaisquer
melhoras na lei relacionada ao uso da cannabis por prazer. Pode haver
um pequeno abrandamento no uso da maconha medicinal ou comercial. Mas
não haverá abrandamento - de fato, somente haverá uma maior regulação
- no uso da erva por prazer. Ok? E se isso não for verdade, eu como a
porra da revista com uma merda de um leite e um açúcar.
HT: Isso seria um ato de terrorismo poético?
HB: Heh, heh.
HT: Você acha que o movimento canabista é contraproducente em alguns
aspectos?
HB: Antes de qualquer crítica, eu preciso enfatizar que eu pertenço a
uma religião em que a maconha é um sacramento, e eu sou um defensor
vitalício de ações pró-maconha. Eu uso o termo “ação” ao invés de
“legalização” por uma razão muito específica, na qual eu vou chegar.
Daí eu ofereço crítica em um espírito construtivo. Eu quero que isso
fique bem claro, como Nixon costumava dizer.
Nos anos em que vêm existindo um movimento pela legalização da
maconha, todas as leis desse país ficaram piores e mais opressivas. No
tempo em que vêm existindo um movimento de legalização da maconha, o
preço da erva ficou proibitivamente caro por causa da Guerra às
Drogas. Existe aí uma relação direta entre a Guerra às Drogas e o
movimento pela legalização da maconha? Provavelmente não muita. Porém,
tagarelar tudo todo o tempo e fazer tudo aberto, deixando as
estatísticas e listas de discussões disponíveis para as agências de
inteligência e outras não é uma tática boa quando você está na verdade
lidando com uma substância ilegal.
Eu acho que temos um complexo de mártir nessa situação. Existem
pessoas que querem confrontamento contra uma projeção psicológica do
que eles acham que é a “autoridade”. Em outras palavras, contra quem é
relativo à autoridade de um jeito autoritário. Simplesmente por
desafiarem abertamente essa autoridade, eles estão se definindo como
criminosos e vítimas do estado.
HT: Você acha que eles poderiam usar um pouco de terrorismo poético?
HB: Eu acho que eles poderiam usar um pouco de clandestinidade sensata
e um pouco do senso do terrorismo poético, sim.
HT: Você escreveu extensamente sobre os tongs(6), as sociedades
secretas Chinesas. Você diria que a economia underground da maconha é
organizada de forma semelhante aos tongs?
HB: Absolutamente, é organizada como uma soma, como uma... bem, não é
organizada como uma soma de tongs, e é isso que é o problema. O ponto
é que um tong é uma sociedade secreta. E isto, novamente, é algo que
não é somente uma fantasia; é algo real. Um grupo de amigos com
afinidades que se junta para intensificar seu prazer e liberdade por
meios que não sejam reconhecidos como legais pela sociedade criou
inconscientemente uma tong. O que eu acho que eles poderiam fazer é
conscientemente criar uma tong. O que nós precisamos aqui é uma
estética e uma tradição de sociedades clandestinas não-hierárquicas.
Como nós organizamos verdadeiras redes secretas de permuta? Mas
também, como nós criamos uma poética desta situação, como nós fazemos
disto algo que funcione não somente num nível econômico prático, mas
também num nível imaginário, onde os corações das pessoas estão
comprometidos?
HT: Uma comunidade.
HB: Eu iria além, ao usar o termo de Paul Goodman, communitas, para
mostrar que nós estamos falando sobre algo que é mais que um arranjo a
esmo, mas realmente um objetivo pela qual nós estamos nos esforçando.
Eu vejo a Zona Autônoma Temporária como o florescimento temporário do
sucesso dessas redes. O que nós estamos esperando é que as estruturas
não hierárquicas atuais maximizem seu potencial para o surgimento de
uma TAZ.
Vamos falar sobre as redes como uma espécie de subsolo rico em
micélios que são por si só o corpo verdadeiro da planta. E ele pode se
espalhar por milhas, como você sabe. Os cogumelos que aparecem, os
frutos - eles são como uma Zona Autônoma Temporária, esses são as
florescências da rede, se eu consigo fazer aqui minha metáfora
botânica.
Uma das formas mais óbvias de florescimento é o festival: a rave, o
Rainbow Gathering, os festivais Zippies(7) e coisas como o festival
Burning Man(8) em Nevada - esses tipos de festivais espontâneos, não
regulados, não mercantilizados, que aparecem.
HT: Mas talvez eles tenham vidas, “vidas de prateleira”(9) - só uma
certa quantidade de tempo quando eles podem criar e florescer.
HB: Existem algumas coisas que são inerentemente temporárias. E
existem outra coisas que são temporárias somente porque não somos
fortes o suficiente para fazê-las permanentes. Digamos que você se
instala por alguns meses em um lugar bonito perto de uma floresta, na
beira de um lago, no verão, com alguns amigos e você tem uma TAZ
verdadeira. Erotismo e beleza natural e liberdade pra correr pelado
por aí e fumar maconha ou fazer o que você quiser. Mas como isto tudo
é movido pelo dinheiro que as pessoas têm que fazer no mercado onde
elas vendem o trabalho, isto pode durar somente um certo tempo. Nós
gostaríamos de fazer isto durar para sempre, transformado a TAZ em uma
PAZ, uma Zona Autônoma Permanente (Permanent Autonomous Zone). Nós não
temos o poder econômico para fazer isto. É temporário somente porque
nos falta o poder para fazermos isto mais permanente.
Outras coisas são claramente temporárias, e devem ser apreciadas pela
sua temporalidade. Quando a essência saiu delas nós devemos perceber
isto, e deixar esta forma em busca de outras formas. Então uma certa
quantidade do que vem sendo chamado de “trabalho de flutuação” é
necessário. Você tem que estar sintonizado com onde a liberdade e o
prazer estão sendo potencializados e onde não estão, para que você
possa espontaneamente se manter flutuando e ficar à frente desse
fenômeno. Isso é exatamente o que hordas de pessoas estão fazendo por
aí: velhos camaradas em rv´s(10), caras novos viajando
clandestinamente, está tudo acontecendo. Não estou descrevendo um
esquema utópico, é o que está acontecendo de qualquer jeito. Tenhamos
consciência disso. Vamos perceber que isso é um verdadeiro valor,
porque faz algo por nossas vidas, diferentemente de todo essa jogatina
política estúpida.
Nós somos constantemente seduzidos a colocar nossas forças e nosso
amor e nossa criatividade em objetivos que são imediatamente
reocupáveis e cooptáveis e mercantilizáveis por “eles”. Isso devia
parar.
HT: Eu vejo pessoas tendo problemas para comunicar-se com outras
porque elas estão acostumadas a se falar pela televisão. Então, quanto
você está trabalhando em uma comunidade, o primeiro passo para criar
uma TAZ seria a comunicação.
HB: Absolutamente. As pessoas estão alienadas pela mídia. Isso é algo
que tem que ser repetido constantemente. Quanto mais você se relaciona
com os meios, menos você se relaciona com outros seres humanos em sua
proximidade física. Novamente, isso não é uma grande teoria, isto é
algo que simplesmente está acontecendo. Você gasta mais tempo vendo
TV, você gasta menos tempo se relacionando com seus amigos. E quando
isto se espalha em nível social, você começa a ver algumas coisas
muito estranhas ocorrendo. A corrente tem mais força que qualquer
participação individual na corrente. Existe uma sinergia negativa, um
efeito de realimentação negativa por meio do qual sua alienação de
outras pessoas está sendo causada por televisões e rádios e filmes e
jornais e livros. Eu certamente não isento os impressos dessa crítica.
E subitamente você descobre que não é somente uma questão de
alienação, é uma questão de miserabilidade. Essa separação de você da
realidade física está fazendo você miserável.
Muitas pessoas chegaram a esse ponto. Eles não sabem o que fazer
porque nós não estamos dando a eles uma direção. Digo, radicais
fumantes de maconha não estão dando a eles uma alternativa clara e
realista, mas ao invés disso estão sonhando acordados com várias
merdas de New Age e estilo de vida.
HT: Onde as pessoas podem achar Zonas Autônomas Temporárias às quais
você estaria disposto a dizer quando e onde encontrar?
HB: Eu não posso - porque elas não existem precisamente em mapas com
coordenadas cartesianas. Existem outras dimensões que não os mapas
onde as Zonas Autônomas Temporárias podem ser achadas. Eu gosto de
metaforizar estas dimensões como dimensões fractais, o que traz toda a
questão de caos e complexidade. E uma das razões pelas quais eu não
posso te dar nenhum indicativo é porque essa é uma situação fractal
carregada de complexidade. A qualquer momento uma TAZ pode ocorrer. Em
um nível mínimo, um jantar na casa de alguém pode repentinamente
evoluir em uma TAZ. Não qualquer jantar, mas o potencial está lá
porque é organizado de uma maneira não hierárquica, para convivência.
E, em um nível máximo, você teve Zonas Autônomas Temporárias que
duraram muito mais, onde a festa na realidade continuou por alguns
anos. Quando estamos falando sobre a Zona Autônoma Temporária, per se,
como nodos realmente intensos de consciência e ação, é possível que os
seres humanos não possam aguentar muito disso. Talvez dezoito meses ou
dois anos de festa contínua seja tudo que alguém pode aguentar.
HT: Bem, eu conheço algumas pessoas...
HB: Claro! Mas nós podemos falar de Zonas Autônomas Permanentes, você
sabe, o que é um conceito diferente.
HT: Você chamaria o Rainbow Gathering de Zona Autônoma Permanente?
HB: Eu chamo ele de Zona Autônoma Periódica, o que é ainda outra
variação dessa idéia. Existem certas Zonas Autônomas que você não pode
manter o tempo todo, mas que você pode realizar com uma certa
freqüência constante, e os festivais anuais são os exemplos. O que nós
temos que fazer é evitar a mercantilização. Preciso dizer algo mais
desse assunto? Ok?
O festival é um momento intenso, mas periódico. É momentâneo, mas
periódico. Assim como no Rainbow, não é realmente necessário ser dono
da propriedade, como eles inteligentemente descobriram. Qualquer grupo
de pessoas na América pode fazer isso. Você não precisa se juntar às
tribos Rainbow e seguir seu estilo de vida (que eu particularmente não
acho atrativo). Você só faz um encontro em uma floresta nacional e
monta sua tenda fora da linha de visão, ou você pega um lugar onde
tenham poucos ursos.
No festival Burning Man, o guarda florestal mais próximo está a 75
milhas de distância, e eles converteram ele a um amigo e defensor do
festival, de qualquer jeito. É organizado por alguns artistas da
Califórnia que vão para a pior parte do deserto de Nevada, só um mar
de areia preta até onde a vista alcança, e eles fazem uma estátua
gigantesca de um homem de vime, então no último dia do festival eles
ateiam fogo a ele e todo mundo bebe um monte de cerveja e vê ele
queimar. É um tremendo sucesso e está sendo repetido sempre com uma
periodicidade anual. As pessoas amam isto. Um jornal é impresso no
lugar, uma mini estação de rádio FM é montada cada ano e todos os
tipos diferentes de pessoas vêm, de caras que moram isolados em rvs a
ciclistasa hippies, o pessoal “flower” e o pessoal Rainbow e os
hobos(11) e artistas da Califórnia. E todo mundo se diverte muito, e
então eles arrumam as malas e vão embora e esse é o fim daquilo, e o
guarda florestal não incomoda eles porque está a 75 milhas de
distância e ele gosta daquilo de qualquer jeito porque eles deixam o
lugar limpo. Então qualquer um pode fazer isso. Você não precisa
esperar pela permissão de alguma autoridade tribal.
HT: Criar uma TAZ é quase como criar o seu próprio espaço autônomo
livre em você mesmo.
HB: Eu fico repetindo a frase “maximize o potencial para o
aparecimento”. Eu sei que é uma frase meio grotesca e complicada, mas
ela precisa ser sempre inserida em qualquer frase que nós falemos
aqui. Você não pode declarar uma TAZ. Ou, se você pode, você é um
mágico muito mais eficiente do que eu. Você simplesmente não pode
decidir ter uma TAZ. Uma TAZ é algo que acontece espontaneamente.
Quando de repente você diz, uau, sabe, tem N pessoas aqui, mas tem N
mais N energia, excitação, prazer, liberdade, consciência. Certo? Esse
momento de sinergia de corrente cruzada acontece quando um grupo de
pessoas está tendo algo mais de uma situação que a soma do que os
indivíduos estão colocando nisto. Você não pode prever isto. Tudo o
que você pode fazer é maximizar o potencial para o aparecimento.
Glossário
1. Bolas de Templo Nepalesas (Nepalese Temple Balls) - nome dado para
pelotas de haxixe.
2. Airstream - Tradicional marca americana de trailers e motor-homes,
pertencente à Thor Industries. Seu website é http://www.airstream-rv.com/.
3. Rainbow Gatherings - festival-encontro dos participantes da
“Família Arco-Íris da Luz Viva”(Rainbow Family of Living Light), que
na realidade não é uma organização, mas diferentes pessoas que pregam
a construção de pequenas comunidades, não violência, estilo de vida
alternativo, Paz e Amor, e tradições indígenas americanas. Esse
encontro, que acontece anualmente, tem por objetivo rezar pela paz no
planeta.
4. BBS - Bulletin Board System, um termo de informática que designa
uma base de dados de mensagens acessível pela Internet, ou melhor
ainda, um mural de recados eletrônico.
5. No original, “I don’t think that it’s too late to wake up and smell
the coffee here.”
6. Tong - sociedade secreta chinesa, do cantonês tong, “assembléia de
todos”.
7. Festival Zippy - encontro das pessoas da cultura zippie - que se
definem, em parte, como hippies tecnológicos, que acreditam em funções
religiosas na tecnologia. O nome vem de hippies com zip. Retirado de
http://www.fiu.edu/~mizrachs/Zippies.html
8. Festival Burning Man - festival que reúne anualmente cerca de vinte
e cinco mil pessoas, e envolve música, arte e comunidade. Retirado de
http://www.burningman.com/
9. Vida de Prateleira - extensão de tempo que um produto,
especialmente alimento, pode permanecer na prateleira de uma loja
antes de se tornar impróprio para uso; prazo de validade.
10. RV (recreation vehicles) - veículos como trailers e motor-homes.
11. hobo - Alguém que viaja de lugar a lugar procurando por lares e
empregos temporários.
Me inspirei para criar essa postagem com as charges do gigante Angeli e sua mordaz critica a polític brasileira, apreciem a arte desse gigante:










   Na era da internet a busca pelo saber se tornou uma busca incessante, a informação é algo indispensável em nosso dia-a-dia. Podemos até tentar fugir dessa tendência, mas adquirir conhecimento em nossos dias é  um acidente.
   A natureza do homem é acumular conhecimento, pois é inerente a sua capacidade lógica a obtenção cognitiva. Até Buda obteve algum tipo de conhecimento em sua vida, mesmo o evitando. Então, o conhecimento pode ser encarado como algo que é preciso ser focado e direcionado, para que seja um benefício para si mesmo. O prejuízo da mente contemporânea advém do mau uso do conhecimento, o que há de mais abundante de informações inúteis está na tela do computador ou na tela de televisão, é impressionante a avidez do jovem moderno para entupir seu cérebro ( praticamente vazio) com informações que não adicionam em nada em sua vida.
   Poucos tem a consciência adequada de utilização desses meios de comunicação com sabedoria e são esses que quero dedicar meus escritos. O fortalecimento intelectual se faz necessário para qualquer ser humano e aqueles que se preocupam em desenvolver suas mentes cabe aqui minha homenagem. Entretanto, a informação não é mais um monopólio, mas sim um poder democrático em que todos podem contribuir para uma troca de conhecimento e de saberes, desde que seja uma troca sadia e frutífera. Nos libertar de preconceitos é essencial, mas sempre há um limite que deve ser respeitado.
    Acredito que o começo de qualquer grande mudança começa em nossa mente, daí se faz necessário por em prática as ideias que permanecem no campo mental, então antes de querermos promover qualquer tipo mudança em nossa sociedade, primeiro temos que disponibilizar informação suficiente para que aja um processo de trocas e que seja discutida a validade das informações e entre outras coisas que envolvem o plano prático.
    Me convenci que o ser humano nunca pode se limitar a uma convicção abstinente, o ideal defendido por Nietzsche muitas vezes não consegue aceitar a natureza passiva do ser humano, em que cabe a solidariedade e generosidade, porém enfatizo ainda que tudo deve ser bem direcionado, a natureza egoísta do homem não vai deixar haver uma união plenamente  fraternal da humanidade, então as associações feitas teriam de ter várias origens de diversas causas. Então a minha proposta da troca de informações e conhecimento não é puramente fraternal mas também uma forma de atender os desejos individuais de cada um, chamando atenção por algo em especial que determinada pessoa defende, mas nunca fecharemos os olhos para as causas de outrem, sempre seremos capazes de aceitar os diversos pontos de vistas e poder até cooperar com eles desde que aja algum tipo de motivação pessoal.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poema de Alberto Caero


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do momento...

Creio no mundo como um malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não porque saiba o que ela é,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar

Liberdade

          O ideal de homem libertado e emancipado de qualquer regra ou dogma parece ser demasiado fantasioso para certas pessoas, até mesmo para mim é uma ideia difícil de ser alcançada pela impossibilidade de viver de forma independente e desconectada da sociedade, já que estamos constantemente sendo invadidos pela cultura de massas. Porém poucos procuram compreender a real natureza de tal ser, talvez pelo fato de desconhecer a possibilidade dela existir. O desejo pela liberdade, a busca desesperada por identidade e necessidade de se destacar podem ser a gênese de tal natureza em um indivíduo e deve ser contemplada por um reflexão profunda do indivíduo.
          Aquele que é liberto busca sua liberdade em sua essência, pois ele não escolhe simplesmente ter liberdade, mas ganhar o fruto de seus esforços para libertar-se e ser capaz de dominar sua própria vida. "O homem está condenado a liberdade, isso o trás angustia" foi o que disse Sartre, talvez seja como viver num mundo sem Deus onde tudo é permitido, é como o Atlas que carrega o mundo em suas costas. A liberdade acima de tudo pesa e é como o conhecimento adquirido que não se pode fugir. A liberdade como o conhecimento tem seus limites, mas sempre há um forma de se transpor os tais limites, mesmo assim não pode ser considerado ilimitado, mas também não pode ser intransponível. Existem muitas fantasias relacionadas a liberdade, existem inúmeras idealizações criadas pela imaginação frustrada de pessoas acomodadas, muitas delas muito pouco se conhecem e buscam a todo custo lembrar aos outros a sua total emancipação do meio e do sistema. Tais exotismos são agressivos e totalmente infrutíferos, pessoas que cultivam tal comportamento são pessoas de pouca sensibilidade, seus ego inflados pouco dizem de si mesmos, daí o confronto entre a persona (imagem) e o self (si mesmo), sendo que a maioria das vezes a máscara que vestem geralmente sublima os seus verdadeiros seres.
          Quando o indivíduo aceita de bom grado a liberdade quer dizer que está pronto a compreender a si mesmo, a vida e seu meio. A liberdade então toma em seu cotidiano um comportamento de espontaneidade, no pensamento de Nietzsche a espontaneidade é um ato de força pois nunca se restringe à moral das massas, então aquele que pode se dizer liberto deve ser espontâneo em suas ações e honesto com sua própria natureza, ser livre de qualquer preceito moral que o restrinja, livre para escolher e para agir do modo que acha mais apropriado.
          É interessante até se confrontar diante da existência ou não da liberdade. Em uma passagem do Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, Zaratustra diz que o homem só pode ser escravo de seu próprio ser. Segundo Schopenhauer a liberdade não existe justamente por esse fato, mas eu diria que o homem é livre justamente porque ele pode se libertar quando for necessário ou quando possível de sua vontade pessoal para assumir outras formas, daí confere seu caráter metamórfico. Porém o sujeito nunca está livre de seu ser, fazendo que sempre retorne a solidão, assim o conceito de eterno retorno sempre vem a tona, fazendo do homem conviver com duas personalidades antagônicas. Nos momentos alegres e de grande excitação está apto a conquistar e alcançar sua satisfação, mas quando não há alegria nem entusiasmo precisa reduzir se a pó para poder renascer novamente, de forma constante.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Noite Morta - Manuel bandeira

    Noite Morta
    Junto ao poste de iluminação
    Os sapos engolem mosquitos.

    Ninguém passa na estrada.
    Nem um bêbado.
    No entanto há seguramente por ela uma procissão de
                                                                     [ sombras.
    Sombras de todos os que passaram.
    Os que ainda vivem e os que já morreram.

     O córrego chora.
     A voz da noite...

    ( Não desta noite, mas de outra maior)

domingo, 2 de outubro de 2011

Comentários de minha lista de reprodução aleatória #1

       A partir de agora vou fazer uma lista de 10 música escolhidas aleatoriamente na minha lista de reprodução. Vou postar em cada mês uma lista, espero que gostem:
   Música 1: Sorry
   Artista: Rick Wakeman
   Álbum: 1984
   Comentário: Uma peça para piano do aclamado tecladista inglês Rick wakeman (ex-Yes). A música é delicada e singela, mas com um toque de virtuosismo que dá mais força a simplicidade da faixa.

 Música 2: Conception
Artista: Arthur Brown
Álbum: Journey
 Comentário: É uma sequência de gritos e rugidos, com base de baixo e bateria. É uma música abissal e obscura, estilo peculiar de Arhur Brown principalmente nesse álbum.

Música 3: Still
Artista: Pete Sinfield
Albúm: Still
 Comentário: a música começa com a voz misteriosa de Pete sinfield (ex-King Crimson), mas com a voz quase que angelical de Greg Lake ( integrante do Emerson, Lake and Palmer e ex-King Crimson) que substitui a voz de Pete Sinfield temos a impressão que estamos andando nas nuvens. É uma faixa simples mas de singular beleza.

Música 4: The garden of earthly delights
Artista: The United States of America.
Álbum:The United States of America.
  Comentário: é uma maravilhosa faixa da banda psicodélica The United States of America. Não da para ser mais psicodélico que isso, o vocais de Dorothy Moskowitz alternam em doçura e agressividade, sua voz ganha destaque com os sons estranhos produzidos pela banda. É uma faixa ao mesmo tempo estranha e excitante.


Música 5: Child of my kingdom
Artista: Arthur Brown
Álbum: The Crazy world of Arthur Brown
 Comentário: é um faixa tipica do soul de Arthur Brown, ela alterna entre a calmaria e a agitação. Tem um bateria bem jazzística e um teclado que acompanha bem os vocais. Arthur Brown é um mestre da voz, consegue mudar de registro e de ritmo em minutos. A música dele consegue agradar dos mais puristas até os roqueiros mais alternativos.


Música 6: Siberian Khatru
Artista: Yes
Álbum: Close to the Edge
 Comentário: é uma faixa animada e tem um bom riff de guitarra do virtuoso Steve Howe. Tenho a impressão que é uma faixa um tanto comercial, não agrada a todos, principalmente aqueles roqueiros ortodoxos, mas é bem estruturada como a maioria das música do Yes e tem um bom solo de cravo do tecladista Rick Wakeman.


Música 7: Time (Breathe)
Artista: Pink Floyd
Álbum: The dark side of the moon
 Comentário: famosíssima faixa da aclamada banda Pink Floyd. Começa em puro silêncio até vários relógios começarem a tocar (parte que considero bastante criativa), depois começa os sons meditativo do baixo de Rogers Waters, de repente tudo muda com a voz de David Gilmour que deságua no solo clássico da sua guitarra épica. É a música mais representativa do álbum, tem todos os elementos que o Pink Floyd utilizou nesse incrível disco, tem criatividade, emoção, coro e um grande solo de guitarra


Música 8: Loneliest person 
Artista: Pretty things
Álbum: S.F Sorrow
  Comentário: é uma faixa curta mas com bastante sentimento, tem um humor depressivo evidenciado pela frase: " Você deve ser a pessoa mais solitária do mundo, mas nunca será solitário como eu". Justamente a beleza está na tristeza dessa faixa, chegando a ser até comovente.


Música 9: Never let go
Artista: Camel
Álbum: Camel
   Comentário: Uma música simples mas um tanto emocional. O violão de Andrew Latimer introduz a música com melancolia, logo depois a canção muda para um ritmo mas acelerado para depois voltar ao início. É uma faixa interessante, mas pode ser considerada para alguns uma faixa um tanto massante. 


Música: Il giardino del mago
Artista: Banco del mutuo scorso
Album:Banco del mutuo scorso
     Comentário: Essa música me marcou profundamente. Os 19 minutos são estonteantes, as sua mudanças bruscas de ritmo e toda força emocional são de fazer essa faixa incomparável na história da música. Francesco Di Giacomo tem uma voz comparada a qualquer tenor operístico, vide a terceira parte da música que tem uma característica lírica, tem um beleza inimaginável, mas depois volta tudo de novo e começa um solo de teclado deixando-se passear nas melodias da própria música, fazendo uma pequena passagem pela voz, assim finalizando com os instrumentos, fechando com a chave de ouro a música.



sábado, 1 de outubro de 2011

Versos íntimos - Augusto dos anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
 Enterro de tua última quimera.
 Somente a ingratidão - essa pantera-
 Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se inda alguém causa pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!